Há uns 13 anos eu passei um réveillon
bem mais ou menos.
Uma chuva torrencial, um calor
miserável. Sem música, sem festa, acho que até luz faltou por alguns minutos.
3 pessoas nada animadas com réveillon,
Ano Novo, Boas Festas, ou qualquer merda dessas.
Determinado momento da noite
apareceu uma antiga vizinha toda ensopada pela chuva, coitada.
Assistimos todos à queima de
fogos pela TV, nada mais deprimente!
E a noite passou, como todas as
outras, à exceção da comida diferente.
O fato de estarmos juntos, apenas
nós, num réveillon foi um acontecimento improvável.
Talvez ninguém quisesse passar a
data conosco, ou talvez nós não quiséssemos estar com os outros.
Lá pela 1 da manhã a amiga da
família foi embora e minha avó foi dormir.
E ficamos eu e meu avô na sala,
conversando sobre algo que não consigo lembrar.
Reconstruir nossa imagem e som no
sofá conversando é um filme que minha mente tenta sem muito sucesso produzir.
Eu vejo uns borrões, às vezes um
pouco mais claros; escuto uma voz, mas sem distinguir palavras.
Essa passagem me ficou oculta
durante anos e agora às vésperas de mais um réveillon ela simplesmente saiu do
lodo comum da minha memória rumo à superfície.
Sei que foi um réveillon morno
que nunca mais se repetirá e a tragédia da vida é que lamento profundamente
isso.